Bebês reborn: popularidade das bonecas levanta debates éticos e jurídicos
- 16/05/2025

Os bonecos hiper-realistas que podem custar até R$ 9,5 mil, chamados de “bebês reborn”, deixaram de ser nicho artesanal para se tornar febre nas redes sociais brasileiras. Impulsionados por vídeos de “mães” famosas, como Britney Spears e Gracyanne Barbosa, esse interesse crescente transformou o objeto em símbolo de afeto, hobby de colecionadores e até ferramenta terapêutica.
Profissionais de saúde mental observam que, na maioria dos casos, a prática é inofensiva e não deve ser automaticamente patologizada. Eles apontam que esse tipo de hobby pode trazer benefícios, como a sensação de pertencimento e o estímulo à criatividade. Entretanto, alertam que o uso só se torna preocupante quando a fantasia começa a afetar a rotina diária, substitui relações reais ou gera prejuízos financeiros.
O fenômeno, entretanto, já pressiona os serviços públicos. Há registros de adultos que levam bonecos a unidades de pronto atendimento, solicitam licenças ou benefícios sociais e até providenciam certidões de nascimento fictícias.
Neste contexto, especialistas em direito criminal alertam para possíveis crimes relacionados à falsidade ideológica e fraude. Quando recursos públicos são utilizados para atender a situações simuladas, há risco de desvio de finalidade e insegurança jurídica. Por isso, projetos de lei em câmaras municipais e assembleias estaduais já têm sido propostos para impedir o atendimento de reborns em hospitais públicos, alegando a necessidade de proteger o orçamento da saúde.
O debate coloca o Legislativo, a Psicologia e o Direito diante do desafio de delimitar até onde vai a liberdade de expressão afetiva e onde começam o mau uso das políticas sociais e a ilicitude. É fundamental buscar uma regulamentação que proteja os direitos sem estigmatizar as práticas afetivas.
Com informações do Correio do Povo e Metrópoles